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quinta-feira, 8 de março de 2012

A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO
François Nicolas-Madeleine - Cardeal Morlot, Paris, 1863
20 Não sou feliz! A felicidade não existe para mim! exclama
geralmente o homem, em todas as posições sociais. Isso, meus
queridos filhos, prova melhor do que todos os raciocínios possíveis
a verdade deste ensinamento do Eclesiastes*: “A felicidade não é
deste mundo”. De fato, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a
juventude em flor são condições suficientes para a felicidade. Digovos
mais: nem mesmo juntas essas três condições tão desejadas o
são, uma vez que se escutam constantemente, no meio das classes
mais privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem-se amargamente da condição de suas existências. Por isso, é difícil entender como é que as classes trabalhadoras
e ativas invejem com tanta cobiça a posição daqueles que a fortuna
parece ter favorecido. Aqui na Terra, qualquer que seja a posição da
criatura, cada um tem a sua parte de trabalho e de miséria, sua quota
de sofrimentos e de decepções. Devido a isso, é fácil chegar à conclusão
de que a Terra é um lugar de provas e de expiações.
Sendo assim, aqueles que pregam que a Terra é a única morada
do homem, que somente nela, e numa única existência, lhes é permitido
alcançar o mais alto grau da felicidade que a vida lhes possa
proporcionar, iludem-se, e enganam aqueles que os escutam. Está
demonstrado, pela experiência dos séculos, que este globo, só em
raríssimas ocasiões, oferece as condições necessárias à felicidade
completa do indivíduo.
No sentido geral, pode-se afirmar que a felicidade é uma utopia•,
uma ilusão, na busca da qual gerações se lançam sucessivamente,
sem poder jamais alcançá-la, pois, se o homem sábio é uma raridade
na Terra, o homem totalmente feliz não se encontra nunca.
Aquilo em que consiste a felicidade na Terra é algo de tal modo
passageiro para quem não é guiado pela sabedoria que, por um ano,
um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto da vida se
esgota numa sucessão de amarguras e decepções. Notai, meus queridos
filhos, que falo aqui dos felizes da Terra, dos que são invejados
pelas multidões.
Conseqüentemente, se a morada terrena é destinada às provas
e expiações, é lógico se admitir que em outros lugares existem moradas
mais favorecidas, onde o Espírito do homem, mesmo ainda
aprisionado num corpo material, possui em toda plenitude os prazeres
ligados à vida humana. Foi por isso que Deus semeou em vossos
sistemas planetários esses belos planetas superiores, para os quais
vossos esforços e vossas tendências vos levarão um dia, quando estiverdes
suficientemente purificados e aperfeiçoados.
Contudo, não se deduza das minhas palavras que a Terra esteja
destinada para sempre a ser uma penitenciária; certamente que não!
Dos progressos já realizados podeis facilmente deduzir os progressos
futuros, e dos melhoramentos sociais já conquistados, novos e
mais ricos melhoramentos surgirão. Esta é a grandiosa tarefa que deve
realizar a nova doutrina que os Espíritos revelaram.
Assim sendo, meus queridos filhos, que um santo estímulo vos
anime e que cada um dentre vós se liberte energicamente do homem
velho. Consagrai-vos à divulgação do Espiritismo, que já
começou a vossa própria regeneração. Cumpre-vos o dever de fazer
vossos irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. Mãos
à obra, meus queridos filhos! Que nesta reunião solene todos os vossos corações se elevem a esse grandioso objetivo de preparar,
para as gerações futuras, um mundo onde a felicidade não será mais uma palavra sem valor.

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