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segunda-feira, 13 de junho de 2011

CONSCIÊNCIA DO DESENCARNE


A água batia na pedra e respingava gotículas prateadas que emitiam raiosinhos luminosos e tocavam uma musiquinha tilintando suavemente. O que havia sido a minha veste pendia ao alto preso a uma fenda rochosa. Era a primeira vez que eu olhava para mim mesmo sem a intrigante desolação de um espelho. Dois irmãos acompanhavam meus pensamentos, um de cada lado, calados, calmos e serenos. E eu como uma nuvem leve numa tarde exitante reconhecia o desencarne como um menino reconhece o cheiro da pele da mãe. E tal como o menino eu gostava do aroma suave do que vós chamais de morte. Sempre soube da imprescindível necessidade do desencarne e, esperava o meu dia com a lucidez de um cão que sabe a hora de afastar-se do dono. Amava viver no vosso mundo. Amava respirar o ar, correr, dançar, sorrir, brincar, amar, encontrar os amigos, beijar a namorada, amava tomar sorvete, andar na praça. Muita coisa amava. Contudo, amava também a idéia de voltar para a casa. Diante de tantas mortes e sofrimentos, logo cedo, ainda adolescente eu compreendi que a Terra não era a minha casa. A melancolia da morte me fazia compreender que a Terra não é casa de ninguém. Porque em casa nossa, a gente entra e fica , em casa alheia a gente entra e parte. Sempre tive consciência que a Terra não é casa de ninguém, porque ninguém entra e fica, todos entram e partem. Para ser casa tem que ser fixa. Por isso, ao ver aquele corpo que a tanto tempo era o que era eu, já não era mais o que sou e, eu sabia disso perfeitamente. Só esperava os irmãos que estavam ao meu lado me dizerem para onde eu deveria seguir, ou puxarem-me pela mão e levarem-me dali. Mas, um deles perguntou: “ Você sabe o que aconteceu com você?” Eu respondi: “ Sim. Eu sei. Eu morri e, vocês são Anjos que irão me conduzir para o lugar onde os desencarnados como eu ficam”. Olhei mais uma vez para aquela armadura que havia me servido de corpo na Terra e vi que haviam muitas partes estraçalhadas, dilaceradas em sangue e, pedaços de carne presos ás fendas das pedras. Aquele corpo estava ali, destroçado e eu não sentia nenhuma dor, apenas uma paz profunda. Sentia-me muito bem, o que me fez lembrar dos livros psicografados que eu lia, pois, nestes livros relatavam que sempre que alguém desencarnava assim sentia muitas dores. Nada eu sentia de dor. E, logo aqueles Espíritos foram seguindo e eu os seguindo. Chegamos a um lugar tranqüilo como um bosque de muitas flores e fiquei por lá na companhia dos Espíritos que haviam me resgatado, auxiliando os irmãos recém chegados. Desde quando eu cheguei, nunca me perguntaram nada, nem me designaram a fazer nada. Somente ficava com os Espíritos que me conduziram. Com eles eu ficava e com eles aprendia. Por isso, cheguei aqui porque eles estão aqui. Então, eu sou um Estagiário, sigo os Espíritos que me salvaram e vou aprendendo com eles, como estou aprendendo com eles a comungar com todos vós. Não preciso dizer-vos que deveis confiar sempre na vida eterna, nem preciso dizer que deveis ter muita fé. Não preciso dizer amai-vos uns aos outros. Amais a vida com a alegria e a dignidade de uma criança. Desejo que um dia todos possam desencarnar tão conscientemente como eu, aceitando a felicidade do desencarne. Que Deus abençoe a todos.

( Espirito Cláudio )