Era apenas o som.
Apenas os ruídos. Eram milhares de timbres que ecoavam pelo
espaço. O som, uma existência como todas as outras,
composto desde o silêncio até o mais apavorante e
estrondoso ruido. Ele estava por todo o Universo. Na terra ele se
manisfesta de muitas formas. E a percepção dos senhores
seres encarnados experimentou a interioridade do som. Descobriram os
tons e semitons e eram (1 -1,5) (2- 2,5) ( 3) (4 -4,5) (5-5,5) (6-
6,5) 7 . E com uma divisão de 12 semitons fizeram tantas
combinações de sons, criando melodias que chamaram de
música. Eram 7 sons compactos e 5 sons fragmentos na
composição de uma escala. A música dos senhores
alcança 5 escalas e pode chegar a 6 escalas porque cada
ascendência deixa o som mais agudo. Os sentidos de audição
dos senhores não suportariam mais que isso. Mas, aqui nós
temos muitos outros infinitésimos tons, existe muito mais que
tons e semitons. Aqui uma escala não tem apenas 12 semitons,
mas sim múltiplos tons. As vibrações aqui são
mais intensas. Eu era um músico brilhante na Terra. Eu era
grande. Todos reconhecem na Terra ainda hoje a minha música.
Considerado fenômeno. Desde criança já compunha
refinadas melodias enfestadas de ornamentos em fusas, semifusas,
concheias, semicolcheias. Sinfonias, lindas. As senhorinhas e os
senhorios emocionavam-se. Os salões fervilhavam em
burburinhos. Folhetos corriam de mãos em mãos. Toda a
cidade se alvoroçava. Era dia de uma das minhas ilustres
apresentações. Mas, numa primavera suave de aroma e
brisa, os pulmões do meu tão abraçado corpo não
mais cantavam a serena melodia pneumática e, embora eu
respirasse música, a harmonia cessou. E num instalar de uma
breve fusa eu já estava neste mundo que delicadamente e
pejorativamente todos os senhores e as senhoras chamam de o mundo dos
mortos. E neste lugar conheci o que jamais conheceria na Terra. Oh!
deveras, conheci o que é música. Minha sabedoria e
técnica sonora aqui era nada. Então, tive a felicidade
de bailar ao som celestial. Que linda é a música dos anjos. Os senhores não imaginam. É algo que os ouvidos humanos nunca ouviram. É a música eterna da vida eterna.Não duvidem da vida eterna. Não
se entristeçam frente ás crises existenciais. Assim eu
vivi meus dias, mesmo cheio de glória eu era um tolo,
preocupado com as dores da alma. Queria chegar a Deus através
da minha música. Também amei Jesus, mas eu não
tinha Deus. Eu não tinha Jesus. Na minha tão inocente e
ignorante mente, eu pensava não ter Deus, pensava em Jesus e
não sentia a sua mão, não sentia o seu braço.
Então, chorava desesperado, melancólico, velando o
fantasma da morte que havia de chegar até a mim como a todos
sempre chega. Não, eu não queria morrer. Eu não
queria também viver tão cheio de dúvidas. Ah,
senhores,nem sabem o que eu passei. Todos me chamavam O Gênio,
mas que gênio é este que vive apavorado com medo do
fantasma da morte? Apavorava-me os velórios. Cemitérios
nem comentar, nem mesmo pensar. Eu só queria que a vida fosse
como a música. Por que que tudo tinha que se acabar? Os
amigos, a parentela, todos os outros que fechavam os olhos de prazer
ao ouvirem o som do meu piano. Por que não podiam viver?
Ninguém soube me acalentar a alma, explicar-me os porquês.
Nenhum livro, nenhum homem. Ninguém. Só a minha santa
música. Ela era a resposta para as minhas perguntas. E ela
dizia: Nada, nada, nada, nada, tudo , tudo , tudo , tudo. Mas, era
confuso. Era lindo e confuso. Mas, senhores, não precisam mais
serem como eu. Possuem uma música linda que eu não
conheci. Estou a falar da Doutrina Espirita. Também acompanho
os enfermeiros que correm ao socorro dos moribundos. O amor que eles
dedicam aos senhores é sem igual. Na terra não há.
Bem queria ter tido quando encarnado o conhecimento que hoje se
disponibiliza para todos os senhores.
O que os senhores sabem, eu só soube após o desencarne. A verdadeira música e a verdadeira vida eu só conheci depois do que os senhores chamam de morte.
Senhores, contei pouco
da minha última reencarnação. Pedi permissão
e foi aceita, quem sabe minha mensagem sirva para algum proveito.
Senhores agradeço.
Não vou me
identificar porque já não sou mais quem eu era.
Jesus abençoa
( Espirito não
disse o nome)