Eram épicos os
dias de saudades nos arcos onde girava o corpo meio matéria, a
semi matéria de um amanhecer de mais uma noite. A dor se
estendia como elástico e o meio plastico zumbi vagando gemia
ás cegas. Onde estavam os amigos, a família , as
pessoas? Não sabia o moribundo ambíguo. Seus jornais,
livros, seu intelecto, suas medalhas, nada mais havia. A consciência
era um louco espiral sem nexo. Este momento durou a eternidade e, o
senhor do farol acendeu um caminho sob os pés cansados,
desenhou um atalho estreito. Não sabia para onde levaria o
demarcado tópico. Avante sempre avante, nenhuma pausa.
Riscando o pastoso solo meio esverdeado, vezes se estava em lugar
estranho , desconhecido, vezes em ruas conhecidas. Uma hora um terror
outra hora um pomar, um jardim, um meio sol. Uma faísca de
esperança fumegava sob a tenebrosa visão caótica.
Uma canção fúnebre invadia os tímpanos
semi vivos. No ar pesado quase palpável os odores de flores e
perfumes se misturavam ao fedor das carnes putrefatas. Um grito de
horror anunciava as infindáveis cenas perturbadoras de entes
que se contorciam desesperados. E o miserável apanhava dores
na densidade do ar. Era surrealismo? Era sonho? Um pesadelo infindo?
Todas as cores borravam a visão, cores negras, opacas, vultos
de coisas indescritíveis, formas indecifráveis,
Gargalhadas repentinas se misturavam aos prantos angustiados. A fome
, a sede, o frio contrastavam-se com a saciedade de um estomago
abundado de coisas sólidas e liquidas e um calor infernal.
Eram assim, repentinas mudanças de estados de sentidos e
fenômenos, Estava entre os sonhos e os terrores, entre o desejo
de obter alguma vitória sobre as trevas e certeza da derrota.
Seres bons tentavam se aproximar, seres maus tentavam controlar toda
a situação. O que fez para passar por tudo isso?
Este que vos falo era
eu. Foram tempos que não somo, foram eternidades, até
que fui arrastado para a luz, percebi que não me feria. E hoje
eu resolvi não penetrar na podridão da vida que
experienciei no inferno denso para quem não conheceu o céu
quando encarnado como eu. Erros meus, crimes e violências não
foram hediondos e nem mortais. Imaginava que se a vida do Espirito
continuaria após o corpo morrer , certamente que eu não
passaria pelo que passei, mas estava enganado. A tortura me esperava.
E o meu maior monstro era a minha própria consciência,
até que Deus teve misericórdia dos meus pavores e
enviou os anjos para me resgatarem, Hoje estou aqui ainda me
recuperando, Não estou pronto ainda para falar da reencarnação
que tive. Mas, deixo o meu conselho baseado na faculdade dos meus
tormentos : Conheçam o amor, e quando conhecerem, sintam,
deixem que o amor penetre vossos pensamentos, vossos sentimentos e
que seja o alimento para todas as necessidades, Que o amor seja o
motor e a razão de vossas experiências”
Cristo vos proteja.
(Espirito não se
identificou)