Capitulo XI - Instruçaos aos espiritos - a Lei do amor
Fénelon - Bordeaux, 1861
9 O amor é de essência divina. Desde o maior até o menor, todos
vós possuís, no fundo do coração, a chama desse fogo sagrado. É um
fato que já haveis constatado muitas vezes: o pior dos homens, o
mais perverso, o mais criminoso tem por um ser ou por um objeto
qualquer uma afeição viva e ardente, à prova de tudo que tente diminuíla,
e muitas vezes atingindo proporções admiráveis.
Dissemos por um ser ou por um objeto qualquer, porque existem
entre vós indivíduos que dedicam tesouros de amor, que lhes transbordam
do coração, aos animais, às plantas e até mesmo a objetos materiais:
são os solitários, críticos da sociedade, reclamando da Humanidade em
geral. Eles resistem contra a tendência natural de sua alma, que procura
ao seu redor afeição e simpatia; rebaixam a lei de amor ao estado de
instinto. Mas, façam o que fizerem, não serão capazes de sufocar o gérmen
vivo que Deus depositou em seus corações ao criá-los. Este gérmen se
desenvolve e cresce com a moralidade e com a inteligência e, ainda que
freqüentemente comprimido pelo egoísmo, é a origem das santas e doces
virtudes que fazem as afeições sinceras e duráveis, que vos ajudam a
percorrer a difícil e dura estrada da existência humana.
Para algumas pessoas a prova da reencarnação é inaceitável e
causa horror, por acharem que outros participarão de afetuosas
simpatias das quais são ciumentas. Pobres irmãos! O vosso afeto é que
vos torna egoístas. Vosso amor é limitado a um círculo íntimo de parentes
ou de amigos e todos os demais são indiferentes para vós. Pois bem!
Para praticar a lei de amor tal qual Deus a estabelece, é preciso que
passeis progressivamente a amar todos os vossos irmãos indistintamente.
A tarefa é longa e difícil, mas se cumprirá. Deus assim o quer,
e a lei de amor é o primeiro e o mais importante ensinamento de vossa
nova doutrina, pois é ela que deve um dia destruir o egoísmo sob
qualquer forma que se apresente, porque, além do egoísmo pessoal,
há ainda o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Disse Jesus:
Amai ao vosso próximo como a vós mesmos; pergunta-se, qual é o
limite do próximo? Seria a família, a religião, a Pátria? Não. É toda a
Humanidade. Nos mundos superiores é o amor mútuo que harmoniza
e dirige os Espíritos adiantados que os habitam. E o vosso Planeta,
destinado a um progresso que se aproxima, para sua transformação
social, verá essa lei sublime ser praticada por seus habitantes, como
um reflexo da Divindade.
Os efeitos da lei de amor são o aperfeiçoamento moral da raça
humana e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os mais
viciosos deverão se reformar, quando virem os benefícios produzidos
por esta prática: Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos
fizessem, mas sim fazei a eles todo o bem que está ao vosso alcance.
Não acrediteis na secura e no endurecimento do coração humano.
Ele cede, mesmo a contragosto, ao verdadeiro amor. É como se
fosse um ímã ao qual não se pode resistir. O contato desse amor vivifica
e fecunda os germens dessa virtude que estão nos vossos corações
adormecidos. A Terra, morada de provações e de exílio, será então
purificada por esse fogo sagrado e verá serem nela praticados a caridade,
a humildade, a paciência, a dedicação, a abnegação, a resignação
e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor. Não vos canseis de ouvir as
palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a enfermidade
e a velhice suspenderam o curso de suas pregações, ele apenas repetia
estas doces palavras: Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.
Caros irmãos amados, praticai estas lições; sua prática é difícil,
mas a alma retira delas um imenso benefício. Acreditai em mim, fazei
o sublime esforço que vos peço: “Amai-vos”, e vereis a Terra se transformar
e tornar-se um novo paraíso, onde as almas virtuosas
desfrutarão do repouso merecido.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
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